quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Possível caso de violência policial em Pederneiras


23/09/2008 - Regional - Jornal da Cidade


Inquérito apura abuso de poder policial

Pederneiras - O maxilar e três costelas quebradas foram o saldo de uma agressão que um rapaz atribui ter sofrido de policiais militares da 6ª Companhia do 4º BPM-I em Pederneiras (26 quilômetros a leste de Bauru). A suposta agressão feita por PMs teria ocorrido na quinta-feira passada, por volta das 21h30, na Vila Paulista.

O delegado titular de Pederneiras Claudinei José Salvadeo instaurou inquérito policial para apurar a acusação de lesão corporal e abuso de autoridade supostamente sofrida pelo eletricista enrolador André Canato, 23 anos. O delegado explica que já ouviu o depoimento da vítima e solicitou exame de corpo de delito do rapaz. Segundo Clarice Canato, 20 anos, irmã de André, ontem ficou confirmado que ele será submetido a uma cirurgia no maxilar.
A princípio, a versão apresentada a Salvadeo é de que André não teria envolvimento direto com um outro fato que motivou a presença dos policiais militares no bairro. Um desentendimento ocorrido momentos antes entre uma moradora da rua Francisco Gimenes Álvares e outro rapaz derivou para uma averiguação dos PMs. Perto dali, na esquina das ruas Francisco Gimenes Álvares e Marcelo Dário, dois homens e André foram abordados pelos PMs. Salvadeo conta que, no boletim de ocorrência (BO), consta que três policiais militares teriam agredido. “No BO, as pessoas diziam que conheciam um dos policiais. Hoje (ontem) ele compareceu aqui e disse que conhece mais dois. Dependo do reconhecimento dos policiais para que seja confirmado quais são os PMs. Para saber da gravidade dos ferimentos, estou na dependência do IML.”
Salvadeo acrescenta que já solicitou à Santa Casa de Misericórdia o prontuário médico de atendimento de André, que foi medicado no Pronto-Socorro do hospital na quinta-feira passada. O delegado diz que solicitou do comando da PM a relação da escala de trabalho para saber quais policiais militares estavam em serviço. Clarice diz que seu irmão teria sido chutado por alguns policiais após ser derrubado no chão. “Meu irmão falou que não era para bater nele porque tinha problema no estômago. Daí o policial disse: ‘você está me enfrentando?’” A irmã afirma que a agressão causou fraturas: “Quebrou o maxilar dele e vai ter que fazer cirurgia. Amanhã (hoje) ele vai passar no médico para saber o dia que terá que fazer cirurgia. Quebrou três costelas”.
Ela acrescenta que os PMs teriam deixado André na frente do PS. “Mandaram ele ir embora e veio até a casa da minha mãe. Aí ele passou no médico de novo, porque estava com muita dor”, salienta. De acordo com a irmã, André não podia andar por muito tempo pelo risco de perfuração de algum órgão, devido às costelas quebradas. Ela alega que a queixa só foi apresentada na sexta-feira pelo temor de represálias. “Porque o policial ameaçou ele de morte”, conta a irmã da vítima. Ainda segudo Clarice, apenas um policial teve o nome apresentado porque a família só conheceria os outros pelas características físicas – bigode por exemplo. “A gente quer justiça para que não aconteça com ninguém isso”, desabafa Clarice.
O JC apurou que André trabalha há três anos em uma indústria de Pederneiras, onde atua como eletricista enrolador.
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PM rebate
A versão apurada ontem, pelo comandante interino do 4º BPM-I, major PM Nélson Garcia Filho é de que os PMs foram acionados para uma averiguação de rixa e desobediência. Garcia relata que o Centro de Operações da PM em Pederneiras encaminhou os policiais para uma denúncia de que uma pessoa ameaçava outras com um facão. O comandante diz que o ambiente era de normalidade no local, porém, uma pessoa teria corrido, ao ver a patrulha, na direção de outros próximos. “Daí os policiais devem ter dado uma ordem para que a pessoa colocasse as mãos na cabeça, porque você chega no local e verifica que ele correu em cima delas (pessoas). Então os policiais deram essa ordem e ela não foi acatada. E fizeram isso por mais de uma vez”, relata Garcia.
O comandante da PM diz que André parou, entretanto, negou-se a colocar as mãos na cabeça. Segundo o major, um policial se aproximou com o cacetete para conter agressões (bastão tonfa) e o policial, um tenente, foi surpreendido com o rapaz que teria tentado agarrar a tonfa. “Tentanto arrancá-la de sua mão. Aí, os outros policiais, que estavam juntos do graduado (tenente), foram obrigados a deter esse indivíduo, imobilizando-o”, alega.
O comandante acrescenta que o rapaz foi levado para o PS. “Ele acabou até pedindo desculpa porque estava transtornado na hora e não sabia porque tinha feito aquilo. Foi atendido no pronto-socorro e na ficha está constando ausência de lesões no momento em que os policiais levaram. Inclusive as testemunhas do pronto-socorro, as próprias enfermeiras, foram anotadas. Posteriormente esse moço voltou numa segunda oportunidade e teria apresentado alguma lesão”, ressalta. Garcia adiantou que o delegado irá informar a PM e, se for verificado a anexação de laudo, poderá ser instaurada uma investigação criminal para avaliar a conduta dos policiais militares.

Ricardo Santana
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