16/01/2008 – Jornal da Cidade
Ato pede paz e Direitos Humanos
Cerca de 200 pessoas se reuniram na Praça Rui Barbosa ontem para lembrar um mês da morte de adolescente por PMs
Lígia Ligabue
Paz, justiça e respeito ao próximo. Na tarde de ontem, cerca de 200 pessoas vestidas de branco e com fitas simbolizando luto se reuniram na Praça Rui Barbosa, no Centro de Bauru, para lembrar um mês da morte do adolescente Carlos Rodrigues Júnior, 15 anos, durante ação policial em sua residência no Núcleo Mary Dota, em dezembro passado. O evento também homenageou outras vítimas de violência e violação dos Direitos Humanos em Bauru e região. Além de entidades que atuam na área, a Ouvidoria da Polícia e a Secretaria de Estado da Justiça mandaram representantes.No coreto da praça, faixas e cartazes pediam justiça e a-não violação dos Direitos Humanos. Elas também lembravam a morte de Rodrigues Júnior, além de Rinaldo Pires Júnior, 14 anos, morto em um pesqueiro de Duartina, e Jorge Luiz Lourenço, 22 anos, morto durante policial no ano passado. No prédio ao lado da Catedral, uma única faixa criticava os defensores de Direitos Humanos que atuariam em favor de “maçãs podres”.
A manifestação começou com a leitura da moção de repúdio elaborada pelo Grupo Contra a Violência e Violação dos Direitos Humanos, que reúne diversas entidades da cidade. Após, líderes religiosos pediriam paz e compreensão. Participaram seguidores da umbanda, além de católicos e evangélicos. Na segunda parte da manifestação, as famílias das vítimas de violência foram homenageadas. Depois, representantes de entidades puderam se manifestar. Muito emocionada, Elenice, mãe de Rodrigues Júnior, lamentava a morte do filho. Porém, ela destacou a importância do evento de ontem. “Este apoio é muito bom. Atos como este são importantes para combater a violência, especialmente a cometida contra os adolescentes”, ressalta.Para Maria, mãe de Rinaldo, a realização do ato vai despertar a consciência das pessoas. “É uma atitude muito boa e abre espaço para que as pessoas busquem e discutam a paz”, afirma. Dia 18, a morte de seu filho também completará um mês. Já para Edite, mãe de Lourenço, toda manifestação que alerte a população sobre os casos contribui para que estas mortes não sejam esquecidas. “Os casos não podem ser abafados e esquecidos. Mas eu tenho certeza que os bauruenses não vão se esquecer dessas mortes”, afirma.Para Sandra Elena Spósito, do Conselho Regional de Psicologia, o evento foi positivo por reunir vários segmentos da sociedade. “Atingimos o nosso objetivo que é manifestar nossa indignação quanto à violência e à violação dos Direitos Humanos na nossa região”, avalia.
Estado
Um dos ouvidores da polícia em São Paulo, Rafael Motta Logatti, disse que veio a Bauru participar do ato e reafirmar o apoio à população. “A Ouvidoria, apesar de ser um órgão da Secretaria de Segurança Pública, é composta por pessoas da sociedade civil”, explica. Para ele, a manifestação terá repercussão. “É um ato que chama atenção das autoridades e é uma atitude válida”, diz.
Marco Aurélio Martorelli, representante da Secretaria de Estado da Justiça, além de dirigente da Assessoria de Defesa da Cidadania e membro da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, também falou aos manifestantes. “Este ato é um marco importante. A comunidade de Bauru está se mostrando intolerante com a intolerância”, avalia.Para ele, ao decidir indenizar a família de Rodrigues Júnior, o governo do Estado demonstrou que está lutando pela não violação dos Direitos Humanos. No dia 23 de dezembro, o governador José Serra decretou que o Estado vai indenizar a família deRodrigues Júnior e que o valor seria estipulado por um grupo de trabalho. Na semana passada, uma procuradora do Estado veio a Bauru conversar com a família e dar início ao trabalho para definir o valor da indenização.
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terça-feira, 13 de maio de 2008
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